O ato da meditação pode ser
explicado de diversas maneiras. Não estou aqui para explicar de forma
científica, não é meu objeto de investigação. O que sei, e acho que pouco sei,
é muito mais relacionado a vivências, práticas e experimentos que chegaram para
mim, de forma saudável e colaborativa. Aprendi a meditar de diversas formas e
em diferentes lugares e com pessoas bem diferentes umas das outras, com
convicções e credos bem diferenciados. Maravilha. Uma riqueza. Isso me leva a
pensar e a acreditar que a meditação independe de religião.
O que falo aqui e agora pode até
estar conectado com alguma doutrina, algum aspecto sagrado, alguma divindade
específica e cultuada em algum lugar do planeta. Pode até estar, mas o que
quero expressar está um pouco afastado disso. Sabemos que o divino se manifesta
em incontáveis orações e múltiplas formas de meditação.
Quando aprendi mais sobre a arte
de meditar, comecei a fazer algumas conexões com o que eu já havia
experimentado. Quando aprendi a rezar, ainda criança, participava comigo mesma
de um ato meditativo, ainda que regido com palavras prontas. Vale lembrar que
eu, na época, nem sabia direito o que era rezar, orar, muito menos meditar. A
oração do Pai Nosso, por exemplo, conhecida pela maioria dos que leem esta
crônica, é, em si mesma, um caminho para a meditação. As palavras nos auxiliam,
mas a concentração nelas é o segredo de toda a conversa. Então toda
concentração é meditação. Não. De forma alguma. A meditação encerra uma atitude
de guardar o momento, mas de maneira a alcançar a plenitude do silêncio, com
uma finalidade maior. Para alguns, alcança o sagrado em sua essência. Para
outros, relaxa o corpo. Para outros e outros, acalma a mente.
A leitura pode ser um ato
meditativo: as palavras estão lá, na narrativa, auxiliando o nosso olhar. O ato
de ler é solitário, individual, embora compartilhado com o autor da obra. Já
falei disso aqui, noutro texto. Pode ser também compartilhado numa reunião,
assembleia, encontro de duas ou mais pessoas; neste caso, não é meditação. A
palavra meditativa, veja bem, possui um corpo único. Une-se ao silêncio de cada
um. O meu silêncio, querido leitor, é meu; do mesmo jeito que o seu é seu
mesmo, e ninguém mexe. É esse silenciar íntimo o aspecto fundamental do ato
meditativo. Uma música instrumental pode auxiliar. Sim, pode. Faço isso
repetidas vezes. Fico feliz. Acerto no alvo. Mas, para conseguir a meditação,
em sua profunda clareza, é preciso o silêncio do silêncio. Encontrar essa
meditação lá dentro: inconsciente, subconsciente, cérebro, coração, espírito,
alma, o que seja melhor para a compreensão de cada um. Num evento com mil
pessoas é possível fazer isso. Eu já fiz: deu certo. É lindo. Parece
inacreditável. Num estádio de futebol, com oito mil pessoas, barulho de todos
os lados. É possível.
O estado meditativo é diferente dos
estados físicos, transcende os cinco sentidos, mora em outra atmosfera. Ficar
sentado, numa posição confortável, com a coluna devidamente encaixada e os
olhos fechados, é um bom exercício para começar. A respiração pode ser
gerenciada de algumas formas. Inspirar e expirar somente pelas narinas, com a
boca fechada, é um proveitoso início. Podemos, ainda, inspirar, prender o ar, contar
até dez, expirar: um jogo divertido. E há tantos e tantos e tantos outros. Mas,
é claro, a gente pode esmiuçar na próxima crônica. Tranquilo. Inclusive, posso falar
sobre meus outros professores nessa área. Falei apenas em rezar o Pai Nosso. Conheci
outras situações meditativas. Combinado? Pois é. Amanheceu.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPaz, o maior tesouro da vida.
ResponderExcluirVerdade, amigo. Vamos construir essa paz, a cada passo e compasso. Abraço. :)
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