Falei no ato da meditação na
crônica anterior, com base na oração do Pai Nosso. Combinei de falar um pouco
mais sobre as minhas outras experiências. Ainda não consigo enumerá-las nem
dizer se aquela ou aquela outra foi melhor. São vivências, no entanto, que não
deixam de transparecer um caráter devocional, um oratório íntimo. A gente com a
gente mesmo: eu com o meu eu, si consigo, o próprio ser, tempo presente.
Em meados de 1995, num passeio
pelo Centro de João Pessoa, com o amigo e colega de UFPB, Geyzon Dantas, fui
apresentada à Arte Mahikari, ensinamento da doutrina Sukyo Mahikari. Eu guardava
certo desânimo e cansaço e ele resolveu me indicar uma prática que ele mesmo
recebia. Na época, funcionava num pequeno salão, num primeiro andar, na Rua
Miguel Couto. Lugar bem discreto e incrivelmente silencioso, apesar da
localização que, no seu exterior, é barulhenta, ligando todo o fluxo automotivo
da Rodoviária à Lagoa.
Silêncio. Puro silêncio. Uma das normas
era tirar o calçado e ficar descalço ou com meias. Sentávamos ou deitávamos
numa espécie de esteira ou colchonete ultrafino. Ali, esperávamos o aplicador
da Arte. Parece um passe para os kardecistas ou uma ação de Reiki para os
reikianos. Trata-se da imposição das mãos, concentrando o trabalho, lento e
progressivo, em um Ser Superior. O aplicador, que foi, de certa forma, treinado
para a tarefa, impunha uma das mãos ou as duas mãos em outros momentos, em
direção a algumas partes do corpo do receptor.
O aplicador assume a função de
elevar seu pensamento a quem os mahikaris chamam de SU (Senhor), o Criador dos
Céus e da Terra. Não entendo como religião, mas filosofia de vida. Seja o que
for, é benéfico e há regras, há uma sequência lógica, há uma motivação, há um
grupo em comum. Fui outras vezes sozinha. De repente, aparecia algum conhecido.
Olha, você aqui também, pensava. A pessoa pensava também. Depois nos falávamos
que era a mesma impressão. E tudo ficava bem.
Durante as aplicações, os
sentimentos eram diversos. Com certeza, era um tipo de meditação. Muitas vezes,
senti bastante os pontos de energia do corpo, queimando em brasa. Muitas vezes,
adormeci e, depois de alguns minutos, vieram me acordar. Muitas vezes, entrei
num estado de paralisação dos sentidos. Muitas vezes, entrei numa dimensão
diferente, espécie de portal energético. Muitas vezes, chorei em silêncio.
A técnica se chama Arte porque é
a união de três itens essenciais para o nosso bem-estar: saúde, harmonia e
prosperidade. Os três unidos conduzem o praticante a um cotidiano mais
pacífico, em sintonia com o equilíbrio da Natureza. E a Natureza é a expressão
da existência divina. Assim ensina o fundador da obra, o japonês
Sukuinushisama, o Primeiro Grão-Mestre Kotama Okada. Os adeptos, mesmo
seguidores de religiões diferentes, são responsáveis por trabalhar pela paz no
mundo. Veja que não é pouca coisa. Uma responsabilidade tremenda, começando
pela paz dentro de cada um. Para termos uma ideia da importância da prática, a
cidade e o Estado de São Paulo decretaram um dia no calendário, como do Dia da
Sukyo Mahikari: 27 de fevereiro, dia do nascimento de Sukuinushisama. Há 75
países com a semente plantada. Que lindo. Quem quiser saber mais, pode entrar
no site: www.sukyomahikari.org.br
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