50 x 60 cm Acrílica sobre tela 2022 Tela do amigo João Damasco Braga. :) |
Comecei a
gostar de Chico Buarque de Hollanda sendo obrigada a estudar paroxítonas. Que
obrigação dócil. Foi com a canção Mulheres de Atenas. Não bastava
somente encontrar as palavras com as penúltimas sílabas tônicas. Tínhamos que
descobrir quem eram essas gregas, que não tinham gosto ou vontade. Como eram
essas Helenas, que não tinham sonhos, só presságios. Tecíamos, com elas, aqueles
longos bordados, esperando nossos heróis.
Muitas canções
de Chico me acompanham em tarefas de sala de aula. A obra dele tem quilômetros
de assunto para problemas e soluções morfológicas, sintáticas ou semânticas. Em
Morena de Angola, se tiver sambista no recinto, é hora de praticar. Tem
menina e menino que é artista, há muito tempo. Canta, toca pandeiro, toca
agogô, atabaque, tamborim, repique, tantan, timbal, reco-reco, violão,
bandolim, cavaquinho, chocalho.
Chocalho. Um
ótimo personagem. A canção, misto de samba e outros ritmos do batuque, vai brincando
com a gente. Expõe a imitação do barulho do chocalho, que se destaca em quase
todas as frases. Tudo por causa da sonoridade de um encontro de duas
consoantes: c, h. É o mesmo som da letra xis, com o verbo mexer. E o autor diz:
o chocalho é que mexe com ela. Esse sanduíche orgânico de figuras de linguagens
merece outra crônica.
Em termos
pedagógicos, o chiado está garantido no espetáculo. Temos equipes montadas para
todas as seções. O andamento das atividades deve ser animado, envolvente, sem
chatice. Cada participante deve ficar no setor que mais sinta afinidade, com as
equipes que tenham mais a ver com a sua sociabilidade. Aprende-se de maneira
mais confortável e segura. Estou falando pelos meus. Oriento e me divirto
também; aprendo e aprendo.
Se a morena é
da Angola, vamos à História, saber de que maneira o povo angolano foi
colonizado. Povo, inclusive, participante da Comunidade dos Países de Língua
Portuguesa (CPLP), portanto nosso irmão de idioma, com ricas particularidades geradas
por dezenas de etnias. Povo que está nas entranhas do nosso país, pois é multiplicado
ou miscigenado ao longo dos últimos trezentos anos, nos quatro cantos do mapa.
Vamos também à
Geografia, compreender que tipo de nação é a República de Angola. Podemos
investigar como ocorre a interação com outros países da África e quais são as
heranças políticas desse jovem lugar banhado pelo belo Atlântico. Vamos à
Sociologia, investigar de que forma as classes sociais são distribuídas. Cabe-nos
buscar a Filosofia, com seus questionamentos tão atuais. Há diversas
possibilidades. Vamos falar sobre a arte angolana: pintura, literatura, dança, poesia,
música. Vamos falar sobre a importância do esporte para aquele povo. Algumas
ideias brotam para uma gincana.
Teremos guias
em inglês e espanhol. Ideias brotam para outras disciplinas, como na
Matemática, com seu trampolim a nos lançar ao mundo dos desafios lógicos, e
podemos textualizá-los por meio de fábulas inspiradas na cultura angolana.
Nossa parceira Estatística está pronta para auxiliar com dados, gráficos e
porcentagens. Deliciosas operações.
Trabalho da artista angolana Joana Taya |
A hipnose era certa. A Parada das Miudezas, no meu regimento, seria sempre uma visita obrigatória. Para uma criança de cinco anos de ida...