Há
informações que só combinam mesmo ao vivo, cara a cara, olho no olho. Combinam
com aquela expressão francesa téte-a-téte ou tête-a-tête. É um tipo de conversa
que tem que ser conversa, da boa. E de dois: diálogo. E-mail não resolve. Um
tem que sentir o olhar do outro. Se possível, o cheiro. O corpo do outro
falando também. Muitos são os sinais nesse tipo de comunicação. Até mesmo os
porquês não intencionais podem surgir. O que a pessoa não quis dizer, acabou
dizendo. Pois é. Algum interlocutor é capaz de desvendar pela própria intuição
ou por treinamento mesmo, como profissional.
Há
informações escritas que são mais gélidas, mas essenciais para a burocracia
diária: ofícios, cheques, notas fiscais. Mesmo assim, tudo consegue ser
digitalizado. O jornal impresso está desaparecendo em alguns lugares, cedendo
aos impulsos da pós-modernidade. Mas os que continuam, de algum modo, sobrevivem
e se inscrevem na sociedade com um modelo, um verbo, uma rotina, um conjunto de
decisões.
Algumas
informações não conseguem ser resumidas em pequenos desenhos ou ícones. Apenas
sugerem um tipo de emoção ou objeto. Falo dos pictogramas, os desenhos
eletrônicos minimizados. No Japão, onde foram criados, recebem o nome de
emojis. A palavra é a junção de dois termos: e, que significa imagem, mais
moji, que significa letra. No final dos anos de 1990, o engenheiro
Shigetaka Kurita foi o responsável por criar esses tipos, para facilitar a
comunicação eletrônica, que depois foi aperfeiçoada por outros gênios da
lâmpada. O norte-americano Nicolas Loufrani foi um deles, criador dos emoticons,
combinando sinais do teclado para gerar outros ícones nas plataformas digitais.
Por mais
que existam ferramentas dessas e por mais que eu as utilize, nada vai
substituir uma frase. É claro que uso, aplico, gosto, até me empolgo e acho
tudo muito engraçadinho. Mas sou da turma do papel. Estudo História porque
gosto do movimento que não aparece de graça. Gosto do arquivo, do colecionismo,
do documento cheirando a mofo, do testemunho insubstituível. Daquele ritual
específico naquela comunidade, naquela data. Daquele filme que, mesmo em
versões posteriores e elaboradas com todos os efeitos possíveis, continua
fazendo efeito. Daquela rua que, mesmo com o asfalto em suas costas, carrega o
manto do barro e dos pedregulhos, e o suor dos seus primeiros moradores.
Quero um
dia, assinar e-books, claro. Não tenho animosidade com eles. Mas me sentirei
escritora mesmo quando vir meus filhotes em forma de brochura. Comprados,
emprestados, vendidos, reeditados, autografados, presenteados. Esses dias vêm
chegar. Sinto. Sinto que o vento está soprando. Para você, querido leitor,
deixo um sorriso. Deixo dois pontos e um sinal de parênteses com a abertura
para a esquerda. Sim. Um emoji.