quarta-feira, 23 de novembro de 2011

terça-feira, 4 de outubro de 2011

domingo, 11 de setembro de 2011

Dúvida saudável




Quero um segundo, não
Um dia inteiro, um instante infinito
Quero um tapete, não
Um caminho, um voo por tantos planos 
Quero um dinheiro, não
Um prêmio permantente, a vida mesmo
Quero uma aposta, não
Apenas o tempo de decidir bem rápido.





segunda-feira, 29 de agosto de 2011

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

terça-feira, 26 de julho de 2011

Ligação

Palavra, energia
Liga à fonte, transforma
Acorda montanhas

Palavra, alimento
Digere o sentido, governa
Conduz oceanos

Palavra, oração
Planifica o terreno, conforta
Salva o planeta.  
 

terça-feira, 12 de julho de 2011

terça-feira, 31 de maio de 2011

Sim, eu como banana





Sempre soube que a fruta, rica em potássio, é fundamental para a perfeita oxigenação do cérebro. Portanto, ativa a memória, faz bem lembrar e determina as construções dos nossos níveis de percepção. Foi sempre por isso que achei importante comer banana. Aprendi e degluti, tudo ao mesmo tempo.

Entre uma refeição e outra do dia, por exemplo, a fruta resolve o problema da saciedade e, ainda, promove um certo conforto estético. A pele fica uma beleza de elasticidade.

Até aqui, tudo bem, querido leitor, querida leitora, estamos embananados. A danada é boa para se pensar. De tanto ser assim, acabou me fazendo lembrar o que eu não gostaria muito.

Estávamos eu e minhas ansiedades ambulantes pela avenida Engenheiro Carlos Pires de Sá. Exatamente era a vez da banana, umas duas horas antes do almoço. Vi uma banca de frutas, legumes, verduras e outras coisas. Aquilo foi me tirando do transe urbano e me transportando para uma outra cena hipnótica. Eu só queria uma banana. Uma, somente. 

Olhei outras frutas. Vi uma maçã, pobrezinha, tão feinha, que desisti. Poderia ser uma graviola gorda, mas o sacrifício de descascar, ali, não daria tempo. A laranja também me impunha tal esforço. Meu entrave era o tempo que, a banana, tranquilamente, resolveria. Fui.

O dono da banca estava com aquele traje suado característico: uma camisa branca de algodão fininha e desabotoada nas três primeiras casas. Exalando um som seco e árido, como se nunca tivesse sido abraçado na sua existência, perguntou o que eu queria. Eu demorei a responder, de tão assustada com ele, de repente. Em poucos segundos, entretanto, o olho dele mirou o meu: uma coisa esverdeada, ensandecida pelo calor. Era uma situação de cansaço, eu quero acreditar.

O homem disfarçava que disfarçava a timidez, tentando arrumar uns jerimuns que se arredondavam pela mesa. Pegou uns caixotes e começou a empilhá-los, batendo, batendo, numa velocidade que me estarrecia. Eu deveria ter me tocado.

Tomei fôlego e perguntei o preço da dúzia. Ele disse que custava dois reais. Naquela manhã, eu ainda ia passar num punhado de lugares. Como era que eu ia, desfilando, com aquele saco? Não daria certo. Uma Carmem Miranda esvanecida, sem grau de reação. 

Criei coragem do nada, aliás, deve ter brotado dos tomates ou de pequenas coroas de abacaxi. Enquanto eu avaliava toda a conjuntura bananal, ele mordiscava um pedaço de algo parecidíssimo com repolho. Enquanto eu o observava com um instinto cinematográfico, que nem suspeitava entrar nesta crônica, ele resmungava em dimensões tão particulares, mas tão particulares, que só mesmo o bigode dele conseguia ouvir.

Eu disse: “Mas eu só quero uma...”

Armado de uma expressão de orangotango esquizofrênico que jamais soube o que seria um beijo, ele começou a arrumar uma pilha de beterrabas. Disse que eu podia levar. Mentira. Pense numa concessão absurda. Aquilo não era ele. Era, talvez, o Pequeno Polegar, no ombro, dizendo que ele deixasse de ser sovina. O anjo da guarda, coitado, exausto, também soprava qualquer mensagem de equilíbrio.

Descasquei a banana pacientemente, parecendo que estava despindo minha consciência, lugarzinho tortuoso. Na primeira dentada, vi quando ele falou, ou seja, bradou com a mulher que varria o terreiro. O idioma dele é outro, semelhante ao dos aborígenes australianos, especialmente dos que nunca conheceram a sociabilidade. Ou pode ser um dialeto, próximo em semitons ao dos apaches em pleno ataque aos colonizadores. Ele não tem culpa.

Na segunda dentada da banana, vi quando ele alisava uma melancia. Não achei ridículo nem piegas nem grotesco. Achei normal para o que eu estava vivendo naquele ensaio. Na terceira, fui tirando minha carteira, disposta a pagar o quanto fosse pedido, sem choramingar. Na quarta e última dentada, mastiguei de leve, engoli com força. Perguntei bem cínica, como se fosse uma imperatriz de morro: “Quanto custa?” Imediatamente, num piscar, tive a impressão de que ele só estava esperando aquilo. Com um desvio de olhar, disse, mexendo abruptamente em papéis que se espalhavam por entre as cenouras: “Dez centavos.”

Paguei com duas moedas de cinco, para ele ficar ainda mais feliz. Ao dizer “Obrigada!”, ouvi um roído estranho das cordas vocais dele, devolvendo o meu agradecimento, como se estivesse abrindo o chão. 

Bem pensativa, fui andando, até que me fizeram pensar nos princípios cartesianos de ser e estar. De dez em dez centavos, chega-se a uma dúzia, chega-se a um cacho, chega-se a uma penca, chega-se a um caminhão carregado, chega-se a uma frota, chega-se a uma plantação. Quem sabe, chega-se, à prosperidade.



Texto publicado na revista Oba! - Cajazeiras (PB), 2000

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Passeio





Papel cartão pastel, caneta hidrocor









                                                                                                                             

terça-feira, 10 de maio de 2011

Fazenda

Meu universo pomar se incandesceu de maçãs. Como em canto, também uvas enfileiradas. Meu universinho pomar se enverdejou de inverno, propôs mais verde, teceu o laranjal. Veja, moço, como a terra é boa, o negócio vai prosperar em sinfonia. O preço nem está alto, alta é a performance dos coqueiros, água doce para beber e casca exuberante para criar luminárias. Meu universo, alado ou quieto, não sei, mas grande de paz, tanta planta, tanto inseto a se ocupar e trabalhar pelo equilíbrio. Moço, não está alto, já falei. Aqui minha dor é a de não poder mais cuidar, mas as castanheiras contam histórias e os pessegueiros cheiram sonhos. Olha ali, menina. Olha ali, moço, que harmonia brincante das acerolas. Todo um pasto para ser montado, todo um curral para ser aproveitado, ciente para musicar mais. Veja, madeira e palha naqueles galpões. Aqui tantos, tantos, esses anos todos, menina. Subia ali, naquela mangueira, era refúgio, fortaleza, parte de mim enquanto passarinho. Do lado de cá, moço, estas palmeiras. Se quiser, tem flor também. De tão pacífico meu universo, bem-me-quer vai nascendo sem data nem hora, sem medida para a beleza. Então, está certo, mas deixe passar mais um mês. Minha mala está pronta, moço. Falta somente colher a próxima leva daquele limoeiro, que tanto me ouviu. E, se o senhor consentir, pelo menos me arrume uma muda daquela figueira.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Saint-Ex


Príncipe Exupéry voa
Desenha elefantes e raposas
Seu essencial é invisível.



Papel canson A4 pastel, caneta hidrocor verde musgo

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Tons verbais olhares

Queromptcantas em uníssono, para enfeitar. Num só acorde, Queromptcantas, um coral de silêncio, em tons verbais olhares. Medo de Queromptcantas? Não, atirado ao mar, em barcos, caravelas, canoas, botes, bóias, sereias, veleiros, dragões cooperados em harmônica. Queromptcantas nasceu em cores, nasceu em fortes, nasceu para recheio dos fracos. Queromptcantas se dizia nação, enganado pelos canhões, nem deu ouvidos às guerras, queria a mudez pacífica de um amanhecer. Queromptcantas não oferecia morada ou prato feito, não vestia crepe nem calçava alto, não dominava informática nem investigava os números premiados da lotérica. Num só aviso, o grupo Queromptcantas iniciou aquela apresentação. O teatro estava lotado.


Plácido, o filosofinho








Papel A4 branco, caneta hidrocor preta (1998) 

Yob e o pote de ouro



Saímos à procura do formigueiro: eu, o ajudante de Ésquilo Esquilo Amarelo, o coronel da tropa do Elefante Sábio Pesadão e o próprio Rei Cotia. O céu escuro, mas uma nesguinha clara atravessava ali, meio dor, meio tempo. Vimos todas as formigas, todas, que estavam em marcha, sem esbarrão. Foi aí que Pedrês, aquele do jardim da vendedora de frutas, perguntou: - Por que são tão apressadas? Foi aí que eu respondi: - Não sei. Foi aí que Pesadão respondeu: - Porque querem guardar. Foi aí que acabei pensando e pensei bem no meu lugar, diferente dos amigos que estiveram na floresta. Eu nem imaginava que Zordeguino fosse tão valente e que o nome fosse Zordeguino. Fiquei assustada com Grália de Peito Aberto, a garça que estava observando a nossa busca, na ponta de um galho seco. - O que fazem aqui, uma propriedade privada?, perguntou por três vezes seguidas, som meio blues. Foi aí que nem pensei nas formigas, pensei na chuva que vinha, bem mansinha. O pote de ouro, nesta expedição, foi encontrado por um bicho que não nos visitava há um bom tempo, Yob. A chefe da ala carnavalesca das formigas o conhece. E foi aí que comemos todo o ouro, todo o pote, para ninguém saber do que estávamos planejando em fazer com a cidade que encontramos, depois do barranco. Todas as abelhas estavam por lá, em posição.


Texto publicado no meu blog anterior (2008)

Spring in Lhasa (Era & Oliver Shanti)

                                                http://www.4shared.com/audio/2GZOutj0/era__oliver_shanti_-_spring_in.htm

Linda música. Cada pessoa guarda sua emoção. Ouvi falar de caminhada, nascimento, redenção... Uma coisa é certa: todas as vezes que escuto, percebo algum detalhe diferente. 

terça-feira, 19 de abril de 2011

Espelho de prata


Interlagos, Vila Velha-ES (junho, 2010)

Numa tarde de iluminuras
O espelho estava lá: plano
O céu sorriu para ele.
                                                                                                                             

domingo, 17 de abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

A problemática do sushi

O sol se põe tão rápido, disse ele. Eu, rindo. Palavras que se entopem de coisas, de olhares, de sentimentos, de exacerbação de personagens. O tempo é para brincar. Palavras de telenovela, ficção ou ritmo desenfreado pela vantagem de não ser eu, de não ser você. Mas também palavras nos jornais, palavras de sangue, crianças mortas, salários mal contados, histórias tontas e brasilianescas. Olha, estou aqui pensando nas palavras, em como me oriento por elas, em como me perco por elas, em como peço uma pizza. Kio, um cidadão com os olhos da sua taiwan adormecida. Dentro dele, uma nação inteira. Que palavras eu diria àquele olhar quase chinês, que palavras eu diria ao feixe de símbolos, que palavras eu silenciaria ao que se traduz em tantas palavras bem organizadas. Kio era lindo dizendo obrigado. O erre não é mesmo como o nosso. E o meu riso, nessa hora, descarado, embora eu soubesse que não diria nem de longe o nome dele corretamente. Ká o quê? Kio é um apelido simples, mas de um nomão que não cabe aqui agora. Kio, cadê você com o seu obrigado, cadê você com o seu entendimento pela raiz das palavras, cadê você com as árvores de sílabas tão complexas quanto o fato de eu entender seu extenso e verdadeiro nome. Cadê tu, hombre chinês? Cadê aquele espectro inofensivo. Cadê. Palavras também explodem em ritmos e era lindo ver Kio dizendo sim. Era um sim sem o eme no final, embora a gente percebesse o eme. Kio não gostava das minhas crônicas. Dizia que eram cheias de palavras com combinações para ele inaceitáveis. Eu não sabia se gostava do que ele dizia, do que ele não dizia, do que ele pensava ou se eu apenas o registrava na memória. Num belo dia em que o belo e enigmático Kio foi embora para um lugar que ninguém vivo vai, minhas belas palavras para ele ficaram armazenadas. Em outro belo dia, talvez, escreverei para ele. Belas palavras, não sei. Palavras de discos, vertigens, trabalho. Palavras também de conflitos, tanques de lavar roupa com homens dentro, homens brincando de atirar. Kio, por que essa paixão pela guerra, por que esse concerto sem nota, por que você se mumificou tão cedo? Palavras, meu caro samurai, palavras. São elas que lhe trazem de volta, são elas que me fazem perceber a problemática do sushi, são elas que me forçam a meditar sem medo, são elas que me emprestam algum sentido para lembrar que você detestava dançar. Non sê, dizia você. Non queo. Non vezo gaça. Agora, vamos a um aviso bem regimental: aquele seu pastelzinho de atum marcou para sempre as minhas palavras. Descanse em paz, amigo. Na paz que você nem sabia que admirava tanto. 




Texto publicado no jornal A União (PB), 2006 

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Decoração


Icó (CE), 2009

Casa grande, casarão velho
Na sombra, fibra elétrica
Na sala, tapete bordado.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Dois mundos

O homem de paletó sentou no banco da praça, atônito, com um olhar perdido nos seus papéis. Ao lado, no chão, sentou um vira-lata, tranqüilo, conformado com um pedaço curto de acém que havia jantado. O homem não entendeu aquela tranquilidade, respirou, observou o céu nublado da noite estranha. Outono. Mesmo assim, continuava com uma saga de impaciência, ao perceber que não havia organizado os papéis. A ordem alfabética seria o começo. O vira-lata coçou o focinho, lentamente. Ao longe, viu mais dois vira-latas atravessando a rua. Voltou ao seu estado de sonolência. O homem o chutou.


quinta-feira, 24 de março de 2011

quarta-feira, 23 de março de 2011

Pousada

Aqui mora um passarinho
Em silêncio, encontra novos sons
Em canto, voa mais alto.

Ecopousada Oiutrem (Matide, Alfredo Chaves-ES)
www.oiutrem.com.br/site/

segunda-feira, 21 de março de 2011

Água-viva em Lucena











Como um longe num infinito tão próximo dos meus olhos curiosos. Chegamos. Foi a primeira vez que fui apresentada ao mistério de uma anêmona, ora difuso, ora confesso, ora silencioso. Não sei o que seria uma anêmona no meu sentir de criança perpassado por tanta cor, tanto fugir de sentidos, tanto pular corda ou desenhar.

Minha boneca Verinha era a mais chata de todas e pouco me dizia sobre anêmonas. Muito mais sabia, como todas as outras do reino das bonecas e panelinhas de barro, sobre interagir. Deixei guardado esse pensamento. Naquele dia, éramos uma pequena equipe numa praia de Lucena, para capturarmos algumas imagens com pescadores para um programa de TV independente. De perto eu via o exemplo da areia, firmeza, limite. Alguns turistas, algumas perguntas, alguns comentários. Frases esparsas combinavam com aquela cor de céu, estranheza de manhã, estranheza de música.

O ar nublou tudo o que podia com uma nuvem do tamanho da respiração de quem a via. Ouvimos a chegada de um barco. A rede foi se soltando naquela civilização arenosa, desenhando alguns objetos, sob a avaliação de Verinha, se ainda estivesse presente. Diria sempre algo assim solto, bem metido a ser realista: vamos embora. A personalidade dela era de resina, diferente da de Sofia, adquirida já na idade adulta ou na idade de pensar de outro jeito em relação ao ato de brincar.

Espera aí: aquilo ali é uma água-viva, gritei, parecendo que ia morrer de felicidade. Sofia, com seu comportamento de louça, teria medo até de olhar, claro. Mas, lembrando: teve coragem de matar um lindo pé-de-boldo, um dos seres arbustivos mais diplomáticos que eu conservava no jardim. Essas bonecas, cada uma delas, são sujeitas a um pedacinho de mim, com um punhado de cifras e praias distintas e assoladas pela vontade de escrever.

O acervo, mantido pela memória, foi auxiliado na sua configuração principalmente por Verinha, Sofia e abastecido de informações por outra turma. Uma turma honrosa. Trombinha, de plástico, elefante traumatizado por ser ex-telefone. Careca, acrílico, ainda sofre ao ser, receber corda. Emília, de pano, lobateana por natureza. Cascata e Coalhada, plástico, gêmeos rabugentíssimos.

Um dos pescadores disse para eu tomar cuidado com a anêmona. Bem perto dela, uma água-viva, viva além da conta. Já era tarde. Eu me aquietei e me conformei em analisar as cores que pipocavam com alguns tímidos raios solares dentro daquele aparente saco transparente e sem força. Minha mão ardia, num grito de pele ardia mais ainda. Enganei-me por um instante, como se eu fosse, realmente, todos os meus brinquedos que imitam gente. Fui espiando. Percebi uma cauda, rabo se trifurcando, cada um dos filamentos com uma bolinha na ponta, que fazia uma estrela. Era o único lugar que acusava uma cor real e nítida, a amarela. No interior daquela estrela despontaria, um outro rabo, pequeno, quase imperceptível, com uma substância estranha, com a capacidade de queimar.

Meus brinquedos tinham razão quando me avisaram que eu ia me deparar com uma água-viva, ser alertada, saber que me queimaria, sentir vontade de tocá-la, recuar, recuar de novo, por curiosidade tocá-la, sentir um beliscão, sentir um queimor instigante. E como não admirar Lucena e seus labirintos tão planos, além das pedras? Quero voltar lá, quero ver se resisto à cicatriz de algo menos faquiresco, menos animal caravela: olhar aquela linha que atravessa de um canto a outro, lá longe, no fim do mar. Espero que não seja o fim do mundo. 




Texto publicado no jornal A União (PB), 2006  

domingo, 20 de março de 2011

Guardadora





No Nordeste, é Cabaça-de-macaco. Árvore-cabaça, árvore-segredo, guardadora. Um dia, um macaco resolveu dizer que participaria do nome. Algumas centenas de minúsculas flores nascem, às vezes amareladas, às vezes rosificadas, às vezes embranquecidas. A copa parece uma cabeleira. As cabaças são brincos, de longe. Belezura. A natureza enfeita, o vento dança com ela. É salão de festa na corte dos pardáis.

Perfil

Ponto em cada ponto
Começo e medida
Assim musicam as coisas.

Papel cartão pastel, caneta hidrocor

Vran procura o bem-te-vi


Papel A4, caneta hidracor


Horizonte divino urbano




Janelas e números
Passos apressados: fumaça
No horizonte, um paraíso se apresenta.


quinta-feira, 17 de março de 2011

Bambuzal

Vem, vai, range 
Vento mexe
Bambu volta paciente.  

Um banquete sensível

Zélida sabia que ser aranha era um privilégio. Rodolfo, gafanhoto, há vários anos não entendia por que tanta habilidade em tecer um mundo de faz-de-conta.

- É realidade! – retrucava Zélida, questionada por Rodolfo, amigo de Pablo besouro, que ficava tentando desestruturar o talento da aranha benevolente. Ela apenas fiava, fiava, sem interromper a sua meta.

Um belo sábado, uma formiga desconhecida estava procurando alimento.

- Olá! – falou Pablo.

A formiga continuou seu trajeto, sem responder, mas resolveu deixar um pedaço de folha na teia. Naquela noite, todos foram convidados para um banquete. O bolinho de folha enrolada, regado a neblina, ficou uma delícia.

Depois da meia-noite, Rodolfo começou a estudar mais a natureza e batizou a formiga: Gina.   


Parada das Miudezas

    A hipnose era certa. A Parada das Miudezas, no meu regimento, seria sempre uma visita obrigatória. Para uma criança de cinco anos de ida...